A artrite reumatóide é uma doença inflamatória crónica que pode, para além de afectar ossos, articulações e músculos, ter outras manifestações a nível geral, como afecções dos pulmões, coração, olhos, e mesmo pele. Afecta sobretudo uma população em idade produtiva e pode atingir entre os 0,2% e os 0,5% da população portuguesa, sendo que predomina no sexo feminino.
Acerca deste assunto abre-se uma janela para os que sofrem desta doença no sentido de melhorarem a sua qualidade de vida, segundo o estudo que mostramos de seguida.
Uma pesquisa recente do Instituto Karolinska, de Estocolmo, Suécia, sugere que as pessoas que sofrem de artrite reumatóide podem reduzir o risco de ataques cardíacos e derrames se seguirem uma dieta vegan - nome dado à dieta vegetariana radical, sem glúten e em que não há consumo de carne, leite e seus derivados.
Ataques cardíacos e derrames estão entre as principais causas de morte de pacientes que sofrem de artrite reumatóide, pois a inflamação causada pela doença tem impacto nas artérias. Mas, segundo investigadores, o risco pode diminuir por meio de uma dieta sem produtos animais e sem o glúten, que pode ser encontrado no trigo, aveia, centeio e cevada.
O estudo, publicado na revista Arthritis Research and Therapy, afirma que quem segue esta dieta tem valores mais reduzidos de LDL, conhecido como mau colesterol.
O LDL é visto como o factor mais importante em problemas do coração por obstruir as artérias.
Apresentação do estudo, resultados e conclusões
Investigadores do Instituto Karolinska submeteram 38 voluntários que sofriam de artrite reumatóide a uma dieta diária composta por 10% de proteínas, 60% de hidratos de carbono e 30% de gordura.
A dieta incluía nozes, sementes de girassol, frutas, vegetais e cereais. O leite de sésamo fornecia a fonte diária de cálcio.
Outros 29 voluntários, que funcionariam como grupo de controlo do estudo, seguiram uma dieta saudável com, aproximadamente, as mesmas proporções de proteínas, hidratos de carbono e gordura.
Gorduras saturadas não compreendiam mais do que 10% do consumo diário de energia e os produtos integrais foram usados o máximo possível.
Os voluntários da primeira dieta, a vegan, mostraram uma diminuição no nível total de colesterol e, especificamente, uma redução na quantidade de lipoproteínas de baixa densidade (LDL ou mau colesterol).
Os voluntários sujeitos à dieta comum não mostraram variações significativas nos níveis de colesterol.
Segundo os investigadores, existe uma "grande quantidade de provas" que sugerem que estas mudanças foram benéficas para evitar o bloqueio das artérias e as consequentes doenças cardiovasculares.
Além disso, após seguirem a dieta vegan durante 12 meses, os voluntários apresentaram redução do Índice de Massa Corporal (IMC). O grupo de controlo permaneceu com o IMC inicial.
Apesar dos resultados obtidos no estudo serem positivos, a organização de caridade britânica especializada em artrite reumatóide, Arthritis Research Campaign, alertou para possíveis perigos da dieta vegan: "Uma dieta vegan pode ajudar na redução do colesterol, mas é difícil conseguir alguns dos nutrientes mais importantes seguindo esta dieta", afirmou uma porta-voz da entidade.
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